Angelo Agostini |
No último dia 30 de janeiro, comemoramos o dia do Quadrinho Nacional. Essa data é baseada na publicação daquela que é considerada por muitos autores como a primeira história em quadrinhos brasileira. Trata-se da história As asventuras de Nhô Quim ou Impressões de uma viagem à Corte, de autoria do italianoAngelo Agostini, na revista Vida Fluminense. Mas além de fazer quadrinhos, Agostini era um crítico da sociedade brasileira naquele momento e sempre se utilizava de desenhos satíricos pra realizar suas críticas.
Belmonte |
Na minha opinião, ao criticar os costumes da sociedades brasileira e os governantes, Agostini acabou por cirar a nossa identidade quadrinhistica: o humor. E são as HQs de humor que tem tido a vida mais longeva no cenário de publicações no Brasil, tendo constantes trabalhos na nossa imprensa. Os nossos artistas gráficos, seja publicando HQs ou Charges, sempre encontraram terreno fértil nas situações políticas, sociais e econômicas do Brasil. A crítica, através da charge, sempre foi muito mais contundente do que se fosse apenas escrita. E isso, desde a época do Agostini, sempre incomodou os poderosos e os políticos brasileiros. Na verdade, tivemos até um problema com outro país; o desenhista Belmonte, que era desenhista, chargista e caricaturista, fez uma série de charges criticando Hitler, quando ninguém no mundo o fazia. Belmonte também foi atuante na imprensa brasileira entre as décadas de 20 a 40 do século XX e muitas vezes foi censurado durante o governo de Getúlio Vargas, o que fez com que voltasse sua pena contra o Nazi-Fascismo.
E por falar em perseguições, não podemos esquecer que foi durante a nossa ditadura (1964-1985) que o Brasil gerou uma grande safra de criadores de indiscutivel talento (e que são atuantes até hoje) como Ziraldo, Jaguar e Henfil. Esses mais os jornalistas Tarso de Castro e Sérgio Cabral (o pai) fundaram, em 26 de junho de 1969, o jornal semanal ‘O Pasquim’, que era um tablóide que desafiou todo o sistema social vigente naquele período. E, na década de 1970, capitaneados por Henfil, surgem três jovens talentos: Angeli, Laerte e Glauco. Eles surgiram no cenário nacional trabalhando contra a repressão da ditadura.
O Tico Tico - Edição comemorativa de 100 anos |
E os quadrinhos não ficaram de fora. Voltando um pouco no tempo, em 1905 foi o nascimento da primeira revista apenas de quadrinhos no Brasil: O Tico Tico. E foi nela que nasceu uma das séries mais longas que já tivemos: Reco Reco, Bolão e Azeitona. Série criada por Luiz Sá, que era desenhista e caricaturista e um dos primeiros a tentar fazer desenhos animados no Brasil. Na Tico Tico também foi apresentado as séries Kaximbowm, de Max Yantok, de 1908; Zé Macaco e Faustina, de Alfredo Stormi, em 1919; Carrapicho e Lamparina, de J. Carlos, em 1923 e 1928.
E tivemos também o Gibi Semanal, de 1939 e por causa dela é que gibi virou sinônimo de "revista em quadrinhos". Na época, Gibi significava moleque, negrinho (um adendo: o termo Histórias em Quadrinhos foi criado aqui no Brasil e é a melhor definição para esse tipo de mídia, já que engloba o aspecto literário, que é a história e o imagético, que são os desenhos). Nos anos 60, tivemos uma profusão de revistas de humor voltadas pra crianças, à primeira foi A Turma do Pererê, do Ziraldo e a outra foi a Turma da Mônica, do Mauricio de Souza.
E hoje em dia?
Creio que Agostini ia gostar do que temos de produção de quadrinhos e de humor no Brasil. Como filhos diretos dele, não perderam as veias humorísticas na produção de HQs e charges. Nas HQs temos vários exemplos: Carlos Ruas, com as tirinhas Um Sábado Qualquer; Os Tranquêras, de Jaral; Clara Gomes, com os Bichinhos de Jardim e Emerson Lopes, com as aventuras do Vampiro Alfredo. Nas charges, temos os não tão iniciantes, Angeli e Laerte, e algumas caras novas e nem tão novas como Diego Novaes, em Enquanto Isso e Renato Machado, do Jornal Extra.
Estamos bem servidos e, ao que tudo indica, vamos melhorar cada vez mais na produção do nosso querido gibi.
Um abraço e até a próxima!!
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