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quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Adaptações Literárias - Parte 1

Ricardo III, em mangá
     Na última semana, uma amiga me deu um belo exemplar de Ricardo III, de Willian Shakespeare. Mas minha surpresa foi que a obra em questão estava adaptada pra quadrinhos, no estilo do Mangá, que foi feito por um Londrino, Patric Warren. 

     A revista é bem construída, os desenhos cumprem bem o seu papel. Tirando uma falha aqui e outra ali, a adaptação é muito boa e foi o que me levou a escrever sobre a adaptação de obras literárias para quadrinhos. Esse tipo de trabalho vem de uma longa data e serviu pra apresentar ao público consumidor artistas literários e suas obras que, talvez, esse público não conhecesse. Ao mesmo tempo, serviu pra ajudar a combater os preconceito que alguns professores tinham em relação aos quadrinhos; alguns diziam (e dizem) que gibi era (é) conteúdo pra pessoas iletradas e que tem preguiça mental.

A 1° publicação feita nos EUA

    

     A 1° adaptação feita nos EUA foi Os Três Mosqueteiros, de Alexandre Dumas da editora Classic Illustrated, do editor Albert L. Kanter. Essa iniciativa influenciou muito o Adolfo Aizen, dono da editora EBAL, que resolveu montar a sua própria revista, a Edição Maravilhosa, e, também na estreia o romance adaptado foi Os Três Mosqueteiros.
     




1° edição com um romance
brasileiro.

     Mas o grande diferencial da EBAL foi que ela começou a adaptar o nosso material literário. Aizen foi o pioneiro no mundo a adaptar romances nacionais e procurou produzir todos com os melhores artistas que tinha na editora. Sua primeira adaptação nacional foi de O Guarani, de José de Alencar e idealizada por André LeBlanc. A Edição Maravilhosa reinou sozinha de 1948 até 1956, quando Roberto Marinho viu o filão que estava perdendo e resolveu lançar a  revista Romance em Quadrinhos, pela Rio Gráfica Editora. A primeira adaptação foi do romance Olhai os Lírios do Campo, do escritor Érico Verissimo e a adaptação foi feita por Gil Caimbra.
     Mas tudo que é bom dura pouco e as adaptações de romances, sejam eles nacionais ou internacionais, chegou ao fim. A EBAL parou de produzir esse tipo de material em 1975 e a Rio Gráfica Editora se transformou na Editora Globo em 1986 e abandonou esse tipo de material. Ocasionalmente aparecia uma adaptação ali e outra aqui, como Macunaíma, de Mário de Andrade, adaptada por Luiz Antonio Aguiar no roteiro e Guidaci nos desenhos. Tivemos também alguns livros de Luis Fernando Veríssimo, que foram adaptados pelo próprio e desenhados por Edgar Vasques e Miguel Paiva.
   

      Nos anos de 1990 tivemos adaptações dos livros do Paulo Coelho: Diário de um Mago, por Dagomir Marquezi e Marcus Wagner e O Alquimista, por Otácilio D'Assunção e Alexandre Jubran. E uma nova edição da Classic Ilusttrated, feita pela editora Abril e o primeiro número foi Moby Dick, de Herman Melville magistralmente adaptada por Dan Chichester no texto e Bill Sienkiewicz, (também no texto), adaptação e arte). Mas essa nova encanação durou pouco, mas plantou uma semente, pelo menos aqui no Brasil, que começou a germinar numa nova safra de adaptações, que contarei na próxima semana.

Até lá!

Um comentário:

  1. Eu já havia lido sobre isso e tido uma "discussão" com o Marcelo sobre a validade dessas obras com o público juvenil. Apesar de qualquer opinião, é um material muito rico.

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