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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Jogos de Áudio



Hoje vou falar de jogos de áudio, que são exatamente o que está escrito no rótulo. Jogos onde o estímulo principal e por vezes único é o sonoro.

Em 1974, a empresa Atari lançou um jogo de arcade chamado Touch Me que consistia em uma série de luzes que piscariam acompanhadas de tons específicos. O jogador deveria reproduzir a sequência pressionando os botões correspondentes e então o jogo adicionaria outra sequência ao fim da original pra prosseguir testando a memória do jogador.
Outro jogo do tipo lançado em 1978 e desenvolvido pela companhia Milton Bradley se chama Simon (mais conhecido pelos brazucas como Genius, relançado pela Estrela). Motivado pela popularidade do supracitado Touch Me, este jogo se tornou tão popular que ele acabou cauando o efeito inverso, motivando o redesign do supracitado Touch Me em versão portátil.
Com o advento de síntese de voz em muitos sistemas operacionais durante o início dos anos 80, muitos jogos clássicos de Ficção Interativa como Colossal Cave Adventure e Zork eram facilmente convertidos em jogos de puro áudio, algo especialmente útil para deficientes visuais. Esse tipo de sistema era plausível na época, pois com a infância das interfaces gráficas, sistemas com interfaces de linha de comando (constituídos completamente por caracteres) dominavam o mercado, o que facilitava a conversão de letras e números para voz sintetizada.
Essa acessibilidade começou a mudar com o aumeto na capacidade gráfica dos computadores, o que fez florescer jogos cada vez mais focados no aspecto visual, relegando deficientes visuais ao segundo plano. Mas com a expansão das possibilidades tecnológicas de jogos em geral e em especial o uso uma técnica chamada “gravação binaural”, que consiste em usar dois microfones posicionados de forma a estimular o ouvinte a realmente sentir como se estivesse percebendo os instrumentos, pessoas ou objetos gravados como se estivesse próximo deles no local, ou seja, perceber os sons de forma tridimensional. Este posicionamento simula o próprio desalinhamento natural dos ouvidos humanos, o que beneficia essa sensaçã ode imersão sonora. Apesar do seu uso específico em jogos surgir no início do século XXI, a técnica em si existe pelo menos desde 1881.
Um bom exemplo de um jogo que se utiliza dessa técnica se chama BBBeat, desenvolvido por Makato Ohuchi como parte de seu projeto de PhD na Universidade de de Tohoku Fukushi no Japão, onde o jogador usa fones de ouvido pra identificar a posição de uma abelha para acertá-la com uma marreta.
Outro exemplo ainda melhor é o jogo Real Sound lançado para o console Sega Saturn em 1997, com um port para Dreamcast em 1999. Desenvolvido pela extinta companhia japonesa WARP, o jogo conta sua estória aos ouvidos do jogador através de dublagem profissional, que em pontos específicos sinalizado por sinos alerta o jogador de que chegou seu momento de definir em qual direção a trama seguirá. Confirmada a escolha através do controle de videogame, a trama prossegue. Falando em termos simplistas, o jogo é uma versão puramente auditiva de Dragon's Lair, um filme interativo de arcade de 1983.
O exemplo que mais me chamou a atenção foi o jogo de horror para iPhone lançado em 2011 e nomeado Papa Sangre. O personagem principal, se encontra preso no palácio do personagem-título no além e envoto em escuridão. Ele precisa salvar seu amor enquanto evita perigosos monstros. Levando em conta que o melhor da gravação binaural foi usada neste jogo, há de se supôr que a imersão é inevitável, ainda mais se o jogador tiver a coragem de jogá-lo no breu total.
Apesar de serem exemplos ainda esparsos, o último citado sendo premiado e lançado para uma plataforma popular mistra sinais que de pouco em pouco esse ângulo sonoro para jogos está sendo mais considerado, abrindo as portas da sempre bemvinda (e nessa indústria, dolorosamente necessária) inovação.

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