Barra de abas

quarta-feira, 14 de março de 2012

Rob Liefeld e miséria de nossa alma

Liefeld, o homem que todos gostam
de odiar

"Rob Liefeld é um péssimo desenhista!!"
"Rob Liefeld é um roteirista sofrível!"
"Rob Li-e-fede é horrível!! Não sei como ainda o chamam pra desenhar!"

     Quem lida com quadrinhos de super-heróis nos útlimos 18 anos, seja como consumidor ou como profissional, já deve ter ouvido esse discurso diversas vezes, seja em convenções, seja em revistas especializadas ou em mesas de bar. Bem, Rob Liefeld é um desenhista /roteirista de quadrinhos do genero super-heróis, gostemos desse fato ou não.
     O senhor Liefeld surgiu na indústria quando, em 1988, aos 20 anos quando fez seu primeiro trabalho significativo,  publicando pela primeira vez para a DC Comics 'em Warlord 131 e , logo em seguida  Secret Origins 28. Logo em seguida, foi chamado pra fazer Rapina e Columba, série escrita por Barbara e Karl Kesel. No ao seguinte, Liefeld foi parar na Marvel, onde pegou a série  dos Novos Mutantes e rapidamente fez o título se tornar um dos mais vendidos da editora.Na edição 98 americana,  Rob Liefeld assume todo o controle editorial da revista, junto com o roteirista Fabian Nicieza, que produzia os diálogos. Tempos depois, esse título se tornaria a X-Force e a visão de Liefeld é que foi abordada por toda a Família X na década de 90.
     Agora que já sabemos um pouco sobre o homem, vamo ao assunto que me motivou e escrever esse post: como o trabalho do Liefeld mostra a miséria da alma de alguns consumidores e de profissionais ao criticar duramente o sujeito. Miséria porque acho uma alma pequena a pessoa que critica o carinha sem ao menos tentar compreender o que o trabalho dele ou aonde ele se insere na industria. E não, não estou sendo irônico e nem defendendo o o trabalho dele. Também acho fraco que ele precisa de aprimorar em todos os sentidos, mas o que quero apontar é que ele não é o único a seguir esse padrão industrial.  


Liefeld e Lee: existem diferenças?


     Esse subtitulo deve fazer o mais raivoso dos fanboys espumarem de ravia, mas, infelizmente, essas pessoas vão morrer de raiva pois não existe diferenças entre o trabalho de ambos, até porque, não existiria o artista Jim Lee sem o artista Rob Liefeld.
X-Force, título que substitui Novos Mutantes
     Da mesma forma que Frank Miller se inspirou nos mangás, principalmente em Lobo Solitário, para trabalhar na sua narrativa, Liefeld também teve uma influência bem nítida do mangá, dos estilos Shonem e Shojo em seu trabalho: linhas de velocidade no lugar de cenários, ausência (ou pouco detalhamento) nos cenários em diálogos dos personagens, designer das páginas, com várias sangrias e onomatopeias gigantes, páginas duplas em momentos de impacto. E, vejam bem, não estou dizendo que ele fez de forma acertada, apenas que se inspirou com aquela forma de fazer quadrinhos. E, com isso, inovou dento do sistema Kirby-Steranko-Adams ao introduzir esses elementos gráficos aos seus quadrinhos.
Jim Lee
     E Jim Lee? O senhor estava terminando a graduação em psicologia, em 1986, quando viu os trabalhos de Frank Miller em Cavaleiros das Trevas e Alan Moore e Dave Gibbons em Watchmen. Resolveu fazer uns desenhos e foi a procura de trabalho no setor, até que teve seu potfolio avaliado por  Archie Goodwin que ofereceu Tropa Alfa pra ele. EM 1988, Lee assumiu o título do Justiceiro: Punisher: War Journal e esse seu trabalho, segundo ele foi inspirado por artistas como Frank Miller, David Ross, Kevin Nowlan, e Whilce Portacio, bem como mangá. Foi nesse título que Lee desenvolveu seu estilo ultra detalhista e cheio de hachuras
     Em 1989, Lee  trabalhou pela primeira vez com os X-men, substituindo o desenhista regular da revista Marc Silvestri em Uncanny X-Men #248, e fez outras edições tempos depois, da  256 ​até a 258, como parte da mini-série "Atos de Vingança". Depois disso, se tornou o desenhista regular da série. Nessa altura, Jim Lee começou a ter contato com o material feito pelo Rob Liefeld e começou a incorpora-la ao seu trabalho e pronto: Fez-se a história!
Sim, essa revista vendeu
8 MILHÕES de exemplares
     E a partir desse ponto, cada um em um título "X", eles começam a se equiparar e a influenciar toda a indústria de quadrinhos de super heróis. O mesmo padrão de páginas, os mesmos traços, mesmas hachuras, as mesmas expressões... tudo igual. Tudo padronizado e por que? Porque vendia MUITO. Mas muito mesmo. Tanto que em 1992, para ter mais controle artistico, ele e Rob Liefeld saíram da Marvel, com mais quatro artistas, e resolveram funda a Image Comics. E nisso, toda a década de 90 seguiu o padrão desses caras. Por que? Adivinha?
     Não podemos esquecer que esses caras são, além de desenhistas, FUNCIONÁRIOS, de uma INDÚSTRIA que tem em sua premissa VENDA desse material. E quem dá o dinheiro? os fãs!! Sim, o senhor Liefeld tem fãs e como tem! E é tão verdadeiro que a DC, ao "revolucionar" seu universo, chamou o Liefeld pra desenhar e escrever... Rapina e Columba! 
     Rob Liefeld tem vários erros no seu desenho, sim, não tem como negar. E talvez seja pelo fato dele ter sido auto didata (segundo o próprio) e ter trago coisas novas pra um gênero e isso talvez tenha afetado o ego dele, fazendo-o pensar que é mais genial do que realmente seja. Mas o mais curioso, é que apenas o Liefeld é criticado, sendo que te outros iguais.

E a Ética?

     Acho lamentável quando estou em um curso de desenho, convenção e alguém vem com o mantra "Liefeld é ruim". Pronto, todas as pessoas, incluindo os ditos "profissionais" começam a malhar o cara. Ou, esses mesmos "profissionais" colocam um desenho dele no Facebook e começam a apedrejar. Quando vejo isso, sempre me lembro de um professor meu, em 1998, me dizer com a forma mais 'gentil' possível:

- Rob Liefeld é MELHOR que você, pois ele PUBLICA e você NÃO!!!

     Aquilo pra um guri de 18 anos, foi uma pedrada e no meio da cara, mas o meu professor tinha razão. Tempos depois, ele me explicou que um profissional não critica outro. Pode-se não gostar dele, do trabalho dele... mas critica-lo, nunca. Se não gosta, não consuma, ponto! E é isso que muitos "profissionais" ou "aspirantes" não entendem, não gosta, não consuma, não propague, não fale, simplesmente ignore. E tenho certeza que muitos desses carinhas não aguentariam metade da critica que o Liefeld aguenta.
     E por que só o Liefeld? É isso que acho estranho porque ele é apenas um reflexo de uma indústria e desenhar "mal" tem outros tão questionáveis quanto: Todd McFarlane, Tony Daniel, David Finch, o falecido Michael Turner e o Whilce Portacio. Essa é minha lista que pra mim tem os mesmos defeitos de Liefeld. Não vejo nenhuma  diferença entre eles, mas apenas o Liefeld é "Judas". 
     Esquisito não?
         

5 comentários:

  1. ...traigo
    ecos
    de
    la
    tarde
    callada
    en
    la
    mano
    y
    una
    vela
    de
    mi
    corazón
    para
    invitarte
    y
    darte
    este
    alma
    que
    viene
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    contigo
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    un
    ramillete
    de
    oro
    y
    claveles
    dentro...


    desde mis
    HORAS ROTAS
    Y AULA DE PAZ


    COMPARTIENDO ILUSION
    HAMILTON KABUNA

    CON saludos de la luna al
    reflejarse en el mar de la
    poesía...




    ESPERO SEAN DE VUESTRO AGRADO EL POST POETIZADO DE TITANIC SIÉNTEME DE CRIADAS Y SEÑORAS, FLOR DE PASCUA ENEMIGOS PUBLICOS HÁLITO DESAYUNO CON DIAMANTES TIFÓN PULP FICTION, ESTALLIDO MAMMA MIA,JEAN EYRE , TOQUE DE CANELA, STAR WARS,

    José
    Ramón...

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  2. "E tenho certeza que muitos desses carinhas não aguentariam metade da critica que o Liefeld aguenta."

    Toda razão.

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  3. Venho trazer a minha opinião que, dado o assunto, conterá trechos passíveis de serem considerados metalingüísticos (quem identificá-los, ganha uma paçoca).

    "Rob Liefeld é MELHOR que você, pois ele PUBLICA e você NÃO!!! (...) ele me explicou que um profissional não critica outro. Pode-se não gostar dele, do trabalho dele... mas critica-lo, nunca"

    Dificilmente eu poderia encontrar uma frase - ou melhor, frases - da qual eu discordasse mais, dentro desse contexto; assim, deixando claro, discordo totalmente da idéia expressa nessas palavras supracitadas.
    A crítica, para mim, é uma atitude fundamental em todo e qualquer setor de nossas vidas; um professor sugerir que alguém não pode criticar outrem baseando-se na inserção ou não no mercado editorial é uma amostra patente de uma alma preenchida com miséria. A primeira afirmação desse professor é de uma obtuosidade sem tamanho; ela pressupõe que a qualidade do trabalho de um desenhista pode ser medida segundo a sua inserção ou não no mercado editorial. Essa afirmação ainda seria de uma ingenuidade dolorida caso o mercado de quadrinhos baseasse suas escolhas contratuais unica e exclusivamente na qualidade do trabalho artístico - desnecessário dizer que essa não é, nem de longe, uma possibilidade plausível. Mas o professor consegue avançar nas demonstrações de mediocridade e afirma que um profissional não pode criticar o outro! Acredito que a opinião, ainda severamente equivocada na minha visão, de que um não-profissional da área (por exemplo, um professor de filosofia) não pode criticar um profissional da área (um desenhista de quadrinhos, por exemplo), incorre em um equívoco menos estúpido, por "seguir a corrente" de nossa sociedade especialista e meritocrática. Mas dizer que uma pessoa que sabe desenhar não pode criticar outra pessoa que sabe desenhar carece de qualquer argumento, até onde minha limitada leitura pode me mostrar.
    Talvez os concursos e/ou entrevistas de empregos para professores devessem incluir questões mais criteriosas para escolher seus quadros... Uma folheada em Nietzsche talvez fizesse esse professor ruborizar frente à própria ignorância - isso é, se esta mesma ignorância não o impedisse de entender o complicado bigodudo...

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  4. bem ,mesmo sendo bom ou não,o cara VENDE...e é isso que importa para as editoras...

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